O fim de semana de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT) não será simples. No Planalto, ninguém falará, com alegria, “sextou!”. As pesquisas de opinião divulgadas já são péssimas: no curto prazo, o governo continua em uma reprovação crescente; no médio, já pensando em 2026, a reeleição está em risco. Alto, inclusive.
Coligindo dados de maio, a Genial/Quaest trouxe uma desaprovação do governo Lula de 57% e uma aprovação de 40%.
Em março, a desaprovação era de 56% e a aprovação, de 41%. No gráfico apresentado pelo instituto de pesquisa, o problema tem início entre dezembro de 2024 e janeiro deste ano, quando a aprovação começa a cair e a desaprovação, a subir sem parar.
Em recortes do eleitorado, por exemplo, Lula continua mais aprovado do que desaprovado na Região Nordeste, contudo, nas demais – Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte –, a sua desaprovação é muito grande.
No segmento gênero, as mulheres – que sempre aprovaram Lula – já desaprovam. Naqueles que tem Ensino Fundamental, a aprovação está em 50% e a desaprovação, em 47%.
Entre aqueles que sempre estiveram ao lado de Lula, os que ganham até dois salários mínimos, 50% o aprovam e 49% o desaprovam, ou seja, empate técnico. Por fim, para ficarmos em aspectos mais gerais, entre os católicos que geralmente apoiam Lula, a sua aprovação chega a 45% e sua desaprovação, a 53%.
Um dos dados mais duros para o governo é que, para os entrevistados, 44% acham que Lula é pior que Bolsonaro e 40% melhor. Ressaltando apenas que Bolsonaro teve, em seu mandato, uma crise pandêmica.
Se Lula se firmou, em 2022, em uma frente ampla (não tão ampla assim) para defender a democracia, essa narrativa provavelmente não prosperará em 2026.
Tenho afirmado em entrevistas que o Lula 3 não traz nenhuma marca. O governo FHC tem como símbolo maior o controle da hiperinflação e a estabilidade da economia. Já Lula 1 e 2 trouxeram a diminuição da extrema pobreza, o incremento da classe média e a consolidação de programas sociais. Agora, o questionamento que fica é: qual a marca desse terceiro mandato?
No campo da comunicação política, Lula, o PT e os progressistas, em geral, são superados, de lavada, pelas narrativas encantadoras, especialmente, da extrema direita. A conexão do presidente com a sua base histórica foi, paulatinamente, se esboroando. O mundo é outro, a sociedade está hiperconectada em rede, mas Lula parece se manter em um ambiente analógico.
Inflação dos alimentos (na campanha, promessa de picanha; na prática, dificuldade de comprar o cafezinho), taxação do Pix, escândalo de corrupção do INSS e, agora, a confusa agenda de aumento do IOF. Nada disso foi positivo. Não sendo um governo proativo, cabe ser reativo, mas quando reage, tem feito isso tardiamente e mal.
Em síntese, o governo atual, caso continue assim, pavimenta uma derrota nas próximas eleições. Pode, obviamente, alterar suas ações de forma incremental – e isso leva tempo. É capaz, ainda, de “dar um cavalo de pau” em suas políticas, porém, isso traz o risco de ações populistas e uma paralisia da combalida governabilidade por uma oposição mais ferrenha do que Lula vivenciou anteriormente. Há tempo para mudar, mas isso exige liderança, grandeza e um norte, um rumo claro.