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Clientes sem viagem, empresas sem pagamento

Operadora renomada deixa consumidores sem respostas e aciona alerta no setor

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O mercado do turismo tem enfrentado batalhas inglórias, que aram pela pandemia, recuperação judicial da empresa 123 milhas, e agora, um novo player do mercado já informou que não conseguirá honrar com compromissos já assumidos.

A Viagens Promo é uma operadora de turismo brasileira, com foco em vendas B2B – ou seja, monta pacotes de viagens que são comercializados por meio de agências de turismo. Recentemente ela enfrenta uma grave crise financeira, que tem levado a atrasos de pagamentos a fornecedores e parceiros, comprometendo toda a operação.

No início de 2025, a Viagens Promo reconheceu oficialmente sua instabilidade operacional e financeira, informando não dispor de recursos para honrar reservas futuras e iniciando uma força-tarefa de reestruturação. As consequências foram imediatas: companhias aéreas suspenderam serviços por falta de pagamento e voos fretados foram cancelados, deixando centenas de ageiros sem embarcar.

Hotéis parceiros também deixaram de receber pelos hóspedes encaminhados pela operadora, levando alguns a recusarem check-ins de clientes que chegavam com reservas não pagas. Houve casos de viajantes barrados na recepção do hotel e de agentes de viagens tendo que arcar do próprio bolso com diárias para acomodar seus clientes, na esperança de reembolso futuro. 

Diante desse cenário, surge a questão: qual a responsabilidade jurídica de cada parte envolvida – agências, companhias aéreas, hotéis e os próprios consumidores – e que soluções existem para mitigar os danos de uma falência ou inadimplência no setor de turismo?

As empresas do ramo já estão se preparando para o não cumprimento de compromissos assumidos pela Viagens Promo. Hotéis já estão avisando as agências e hóspedes que não receberam pelas reservas e que, caso elas não sejam pagas até a chegada do consumidor, este não conseguirá realizar o check in.

Com isso as agências de turismos e hóspedes estão tentando uma saída para que não haja a perda das viagens, onde, além do gasto com hotel, o consumidor também arca com o transporte, bem como se planeja financeira, pessoal e profissionalmente para que a viagem ocorra dentro de um alinhamento do calendário familiar.

Fato é que nenhum desses entes da cadeia do turismo estão totalmente seguros, muito menos possuem direitos e deveres claros quando o assunto é jurisprudência, uma vez que, infelizmente, ela varia de tribunal para tribunal, onde alguns determinam que a responsabilidade, por exemplo, entre hotel e agência de turismo é solidária, ou seja, ambos podem responder integralmente pelo prejuízo do consumidor, ainda que este tenha sido causado pela Viagens Promo.

Já outros tribunais entendem que cada elo desta cadeia se responsabiliza pelo que recebeu (ou receberia) pelos serviços prestados, por exemplo, a agência de turismo teria sua responsabilidade nos limites de sua comissão, já o hotel responderia no limite do valor que receberia pela reserva.

Fato é que mais uma crise acertou o turismo nacional e prejudicará toda a cadeia. Não se sabe se a Viagens Promo entrará ou não em recuperação judicial (certamente sim), mas com certeza sua crise irá prejudicar centenas (talvez milhares) de empresas menores que ela, que terão que ar prejuízos tão acima de suas capacidades de pagamento, que inclusive pode levá-las a encerrar suas atividades.

Os consumidores dispõem de um arcabouço legal sólido (CDC) que os ampara – seus direitos a transparência, restituição e indenização, e eles devem exercê-los ativamente, buscando apoio de órgãos competentes quando necessário.

Medidas preventivas, como a contratação de seguros de responsabilidade por agências e operadoras, podem fazer toda diferença em casos extremos, ao o que medidas corretivas, como a ação regressiva, permitem que o prejuízo seja reado à parte devida, evitando a injustiça de punir quem agiu de boa-fé para socorrer o cliente.

O caso da Viagens Promo serve de alerta e aprendizado para o mercado de turismo. Mais do que nunca, fica clara a necessidade de planejamento financeiro responsável pelas empresas, transparência na relação com parceiros e clientes, e mecanismos de proteção (contratuais e securitários) para emergências. 

Do ponto de vista jurídico, a mensagem é inequívoca: a cadeia de fornecedores deve funcionar como uma rede de segurança ao consumidor – se um elo falha, os outros precisam ar aquele viajante, pois assim exige a lei e a confiança do público, claro, que tudo isso dentro do limite da responsabilidade de cada agente. Ao final, reforça-se que responsabilidade e cooperação são pilares essenciais para superar crises no turismo com o mínimo de danos e preservar a credibilidade do setor frente aos viajantes.

Leandro Amaral Provenzano ([email protected])

ARTIGOS

Namorar para casar ou casar para namorar?

12/06/2025 07h45

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No imaginário tradicional, namorar é uma espécie de “ensaio geral” para o casamento. Duas pessoas se conhecem, sentem atração uma pela outra, iniciam um namoro e, com o tempo, avaliam se há compatibilidade suficiente para dar um o mais firme na direção de uma vida a dois. Esse percurso – conhecer, conviver, comprometer-se – parece linear e natural. Mas será que ele ainda é o único caminho possível?

Com as novas formas de conexão proporcionadas pela tecnologia, surgem histórias que invertem essa ordem. Imagine duas pessoas que se conhecem por um aplicativo, vivem em países diferentes e, depois de meses de conversa on-line e alguns dias intensos de convivência presencial, decidem se casar. Não para realizar um sonho romântico idealizado, mas para poderem enfim ficar juntas – e aí sim começar a namorar no dia a dia da convivência. Esse é um “casar para namorar”: o compromisso formal antecede a intimidade prática.

Ambas as trajetórias nos convidam a repensar o papel do namoro hoje. Em “Por que casamos”, afirmo que “o namoro serve para testar o quanto aquela pessoa pela qual nos sentimos atraídos pode nos completar. Serve para verificar se, de fato, temos vontade de assumir o compromisso de amar”. Em outras palavras: o namoro é uma experiência seletiva, e não só de atração, mas de convivência, afeto e responsabilidade.

No entanto, a realidade contemporânea desafia essa sequência. Relações começam à distância, avançam em ritmo acelerado, e o compromisso pode surgir antes da rotina compartilhada. Isso significa que o namoro perdeu sua função? Não, significa que ele está se transformando. Em vez de ser apenas um rito de agem antes do casamento, ele pode acontecer dentro do casamento – como uma fase de construção do vínculo, descoberta mútua e teste da convivência.

Essa mudança revela algo importante: mais que uma etapa com começo, meio e fim, o namoro é uma disposição. Um estado de abertura para o outro, de curiosidade, encantamento e cuidado. E essa disposição precisa existir tanto antes quanto depois do compromisso formal.

Casar sem nunca ter namorado é arriscado, mas também é perigoso namorar sem nunca ter assumido o compromisso de cuidar, respeitar e permanecer. Amar, afinal, é uma ação – e não uma paixão. E o amor erótico só se sustenta quando há espaço para a intimidade, a presença e a construção conjunta. Por isso, talvez a pergunta não devesse ser quando se namora, mas como se namora. E com que propósito.

ARTIGOS

Inovação: como o Brasil pode colaborar em tempos de incerteza global?

12/06/2025 07h30

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Em um cenário em que as relações internacionais se tornam mais complexas e menos previsíveis, o Brasil tem condições de avançar em diferentes mercados. E como as organizações podem fortalecer conexões além-fronteiras? 

Nesses tempos, a resposta continua na inovação e na capacidade de simplificar processos para ganhar performance. E não faltam exemplos de que isso é possível.

A indústria de mineração, há anos no topo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, prevê direcionar mais de US$ 10 bilhões a projetos de sustentabilidade até 2028, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O volume é 62% maior do que o previsto para aplicação no intervalo de 2023 a 2027. Nesse segmento, o País se destaca na corrida de pelo menos 11 matérias-primas estratégicas para a transição energética – inclusive o lítio, tão necessário para as baterias de carros elétricos.

Por mais que as questões geopolíticas tenham ganhado espaço, as empresas brasileiras jamais podem abandonar o que está em suas mãos resolver, como a eficiência operacional. Ainda que haja inúmeros gargalos de processo a solucionar, no início deste ano, o agronegócio já previa um crescimento em 12 meses, impulsionado pela expansão das áreas de cultivo, da produção de grãos e da atividade de insumos.

Na safra 2023/2024, o Brasil, líder na produção de milho e soja, ultraou os Estados Unidos como o maior fornecedor de algodão e espera se tornar o maior vendedor de café e carnes do mundo. Segundo o estudo Radar Agtech 2024, da Embrapa, o número de incubadoras de startups do setor cresceu 224%, comparado ao ano anterior. 

Na indústria aeronáutica, que envolve altíssima tecnologia, a Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, é líder em encomendas de aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical elétrica (eVTOLs) ou “carros voadores”. Entre 2021 e 2023, a participação de fontes renováveis na oferta interna de energia brasileira ou de 45% para 49%, consolidando o potencial do País para encabeçar a transição energética – a média mundial é de 14%.

Na indústria criativa, vamos além do Oscar no cinema. O Brasil é o quinto maior mercado de games em número de jogadores e representa cerca de metade das receitas na América Latina. Tornou-se o primeiro país, neste ano, a garantir em Cannes o prêmio Creative Country of the Year, em reconhecimento à sua tradição e à sua influência.

Na área financeira, com mais de 160 milhões de usuários, o Pix se tornou referência internacional em agilidade e segurança das transações. Segundo levantamento da A&S Partners, o número de fintechs no Brasil aumentou quase 80% nos últimos cinco anos. 

O setor de logística reflete o gigantismo de um território de dimensões continentais e está na base de muitos desses mercados. De modo direto, como no frete de commodities, ou indireto, como em etapas da infraestrutura para operação de meios de pagamento ou telecomunicações. As cerca de 300 logtechs do País têm promovido uma revolução digital diversificada no transporte das cargas, que a por gestão de entregas, frotas, inteligência artificial, automação, B2B, B2C, segurança, democratização do o, sustentabilidade, last mile, aumento de margens e tantas outras áreas.

O tamanho do Brasil, de sua economia e de seu mercado, aliado às alternativas que precisamos criar, abre espaço para experimentar soluções de maneira única – e não apenas na base da tentativa e do erro, mas beneficiados também pela intensidade, pela escala e pela diversidade que o País oferece como diferencial no mundo. 

Em períodos de incerteza, há ainda menos tempo para agir. É urgente pensar em como nossas maiores habilidades podem ajudar a resolver os problemas locais e os de outras nações. Respostas não faltam.

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