Mesmo com gripe aviária e riscos tarifários, o Estado negociou US$ 751 milhões em cinco meses de 2025
Mesmo diante de um cenário externo complicado, ando pelo foco de gripe aviária no Brasil e os riscos tarifários impostos pela “guerra comercial” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Estado aumentou em 32% as exportações das proteínas
animais.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) apontam que, de janeiro a maio de 2024, foram negociados US$ 567,707 milhões e, no mesmo período deste ano, foram US$ 751,279 milhões – alta de 32,33%.
Em volume exportado, somando as carnes bovinas e de aves, a alta foi de 22%. No ano ado, foram 158.267 toneladas enviadas ao exterior, enquanto, de janeiro a maio deste ano, foram 192.818 toneladas negociadas.
Apesar de a celulose ser o principal produto da pauta de exportações, a carne bovina deu um salto de 36,5% no período analisado. De janeiro a maio de 2024, a carne bovina foi responsável por US$ 443,669 milhões negociados, já no mesmo período deste ano foram US$ 605,580 milhões.
Esse avanço não se dá por acaso, já que a China, que absorve quase metade das exportações do Estado (46,6%), é o principal destino dessas vendas. Além disso, os Estados Unidos voltaram a figurar entre os grandes compradores, impulsionados por aberturas pontuais de mercado.
O boom americano ocorre, em parte, como resposta dos importadores ao risco de novas tarifas impostas pelo governo de Trump. Conforme já publicou o Correio do Estado, mais da metade das compras norte-americanas de produtos de Mato Grosso do Sul é de proteína animal, aproximadamente 60% do total.
“Se o mercado externo se mantiver aquecido e o dólar alto, a renda dos produtores e o lucro dos frigoríficos tendem a se manter em alta”, analisa o mestre em Economia Eugênio Pavão.
De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos trazem novos desafios de relação comercial.
“Para que eu continue vendendo pelo mesmo preço, vou ter de comprimir minha margem ou ser mais competitivo”, explicou ao Correio do Estado.
AVES
Ainda conforme o Mdic, quanto às carnes de aves, o aumento foi de 17,5% em relação à receita, saindo do acumulado de US$ 124,038 milhões para US$ 145,699 milhões, e de 16,9% em relação ao volume, saindo de 63.844 toneladas para 74.565 toneladas, mesmo em cenário impactado pelo foco de gripe aviária identificado no Rio Grande do Sul.
No dia 16 de maio deste ano, um foco da doença em uma granja comercial da cidade de Montenegro provocou a suspensão, por 60 dias, das exportações brasileiras de frango para a China e a União Europeia.
Essa restrição atinge diretamente unidades de MS – BRF, em Dourados, Bello Alimentos, em Itaquiraí, e Seara, em Sidrolândia –, pressionando a logística e a competitividade estadual.
“Essa crise vem em um momento em que o Brasil aumentava a sua participação no mercado internacional de proteína animal, com carne bovina, suína, frango, etc. O principal risco para o País é a duração do ‘boicote’ às aves brasileiras. Caso a contaminação se espalhe por outros estados, podem surgir barreiras sanitárias fortes contra os produtos brasileiros, bem como a substituição do Brasil por outros mercados fornecedores de carne”, finaliza Pavão.
DIVERSIFICAÇÃO
Em um momento estratégico de expansão econômica, Mato Grosso do Sul viu suas exportações atingirem US$4,288 bilhões entre janeiro e maio de deste ano, uma alta de 2,95% em relação a 2024.
A celulose foi o principal destaque positivo no período, liderando a pauta com US$ 1,44 bilhão, crescimento de 78,1% em relação ao mesmo período de 2024. A soja, segundo item da pauta em termos de valor, totalizou US$ 1,16 bilhão, com retração de 26%.
“O bom desempenho da indústria e a expansão da celulose como principal produto da pauta exportadora reforçam a estratégia de diversificação econômica do Estado”, comenta Verruck.
Mato Grosso do Sul exportou 10,8 milhões de toneladas no período de janeiro a maio deste ano, quantidade 10,6% superior à dos cinco primeiros meses de 2024. Com esse desempenho, o Estado acumula superavit comercial de US$ 3,25 bilhões, alta de 8,41% em relação ao ano ado.
A indústria de transformação cresceu 29,7% em valor e 25,4% em volume, enquanto a agropecuária recuou 34,4% em valor, refletindo mudanças estruturais no perfil exportador.
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