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Cinema B+: Desafios da Disney na Nova Versão de Branca de Neve

A tentativa de filmar Branca de Neve tem sido quase uma obsessão em Hollywood nas últimas décadas.

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A poucos anos do primeiro longa de animação da Disney completar 90 anos (em 2027), o clássico Branca de Neve e os Sete Anões volta às telas, pela primeira vez em 'live action'.

E mais do que um sonho, certamente o estúdio já o considera um pesadelo, ainda maior do que a má experiência de A Pequena Sereia.

Parte do problema que cerca as recentes adaptações da Disney de contos de fadas clássicos e filmes de animação, levando alguns a rotulá-los como "problemáticos" envolvem o retrato da sociedade atual, em perpétuo conflito de gerações radicalizado por redes sociais. Eles vão desde a representação cultural e sensibilidade à nostalgia.

Não é de hoje que a Disney é criticada por apropriação cultural ou deturpação, mas agora a interferência comercial faz com que tudo fique mais delicado.

Por exemplo, tanto A Pequena Sereia, originalmente inspirada no conto dinamarquês de Hans Christian Andersen, quanto Branca de Neve, por sua vez baseada em um conto de fadas alemão dos Irmãos Grimm, podem não capturar ou respeitar totalmente as nuances culturais das histórias, especialmente quando reinterpretadas para o público moderno.

As heroínas dos desenhos clássicos eram princesas ou jovens em perigo, 'salvas' pelo príncipe com quem casavam e "eram felizes para sempre". Todas com grande habilidade doméstica, doçura e instinto maternal aguçado.

Bem diferente dos valores de uma geração movida por uma nova onda de feminismo e equidade. Por isso as representações de protagonistas femininas têm sido calorosamente debatidas, com críticos argumentando que essas personagens, particularmente em suas formas originais, muitas vezes incorporam papéis de gênero ultraados ou narrativas problemáticas sobre amor e resgate.
 

Cinema B+: Desafios da Disney na Nova Versão de Branca de Neve - Divulgação Disney

Em A Pequena Sereia, Ariel sacrifica sua voz e independência pelo amor romântico, enquanto Branca de Neve é frequentemente retratada como iva, dependente de outros para resgate. O público moderno está desafiando essas representações, exigindo personagens femininas mais fortes e empoderadas que desafiem os tradicionais tropos de donzelas em perigo.

As tentativas de modernizar essas histórias, levaram a Disney a fazer mudanças consideráveis nas histórias de fundo, motivos e enredos dos personagens e nem sempre acerta o alvo e é acusada de inconsistência e desvio de narrativas amadas.

Outro exemplo está nas representações de antagonistas, frequentemente enfatizadas nos filmes da Disney, que em adaptações como Malévola ganhou outro contexto e as complexidades da vilania são exploradas, mas os críticos argumentam que tais representações podem diluir a eficácia das histórias tradicionais, tornando-as menos sobre as distinções claras entre o bem e o mal.

No caso específico de Branca de Neve há outro "problema": o elenco. A a atriz Rachel Zegler tem uma voz inegavelmente potente e linda, porém é de origem colombiana e polonesa, com uma cor de pele bem latina e distinta do que se encaixaria numa princesa "branca como a neve".

Além disso, vocal em suas posições políticas e feministas, seus comentários sobre o clássico só contribuiram para uma rejeição assustadora em alto volume. Nem a beleza de Gal Gadot como a Rainha Má aplacou as reclamações dela também no papel. Racismo claro, e uma dor de cabeça. O filme está em produção há mais de três anos e ninguém espera um grande sucesso.

E vamos combinar, que a tentativa de filmar Branca de Neve tem sido quase uma obsessão em Hollywood nas últimas décadas. Kristen Stewart foi a princesa no longa Branca de Neve e o Caçador, que fez uma releitura mais sombria e voltada para a ação do conto clássico, contando com Charlize Theron como a Rainha Má, enfatizando temas de empoderamento e aventura.

E há também a adaptação cômica Espelho, Espelho Meu que contou com Julia Roberts como a Rainha Má e Lily Collins como Branca de Neve, numa versão mais lúdica da história. Ambos não foram exatamente sucesso de crítica. Por que então já antecipar o pior da Disney?

Cinema B+: Desafios da Disney na Nova Versão de Branca de Neve - Divulgação Disney

O retorno de Branca de Neve e os Sete Anões às telas em formato live action se insere em uma linha tênue entre o desejo de inovar e o risco de desvirtuar um clássico que, por décadas, tem sido um ícone da Disney. A tentativa de adaptar histórias com mais de 80 anos para o público atual, que exige mais diversidade, complexidade e empoderamento, entra em conflito com a essência das narrativas originais.

Porém, o dilema maior parece ser o descomo entre a modernização das mensagens e o desejo de manter a magia que fez esses contos imortais. A Disney tenta equilibrar inovação e tradição, mas muitas vezes suas escolhas são vistas como apressadas ou forçadas, e não há garantias de que o público aceitará essas novas versões.

O futuro de filmes como esse parece incerto, e é difícil prever se a nostalgia e a crítica contemporânea poderão coexistir de forma satisfatória. A questão que fica é: será que a Disney, com seus grandes investimentos, será capaz de satisfazer uma geração em busca de algo novo, sem perder a essência que fez de Branca de Neve um marco no cinema?

Em tempo: a crítica do filme virá semana que vem.

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Cinema B+: O Estúdio: Uma Nova Sátira da Indústria Cinematográfica

Série da Apple TV Plus é uma aula de como os filmes são feitos pelos grandes estúdios americanos

14/06/2025 13h00

Cinema B+: O Estúdio: Uma Nova Sátira da Indústria Cinematográfica

Cinema B+: O Estúdio: Uma Nova Sátira da Indústria Cinematográfica Foto: Divulgação Apple TV

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Há uma característica narcisista de Hollywood que faz dos filmes sobre os bastidores da indústria algo que de tempos em tempos conquiste… “Hollywood”. São vários ótimos como O Jogador, de Robert Altman, de 1992, O Preço da Ambição (Swimming with the Sharks), de 1994, The Offer, de 2022 entre eles. Pelos primeiros episódios, O Estúdio, da Apple TV Plus, pode estar entre eles.

A série de comédia satírica foi criada por Seth Rogen em parceria com Evan Goldberg, Peter Huyck, Alex Gregory e Frida Perez, mergulha nos bastidores caóticos de um grande estúdio cinematográfico, oferecendo uma visão humorística e crítica da indústria do entretenimento.

Bem mais certeira e menos cifrada do que A Franquia, que já foi cancelada pela MAX, O Estúdio é profundamente apreciado para “quem entende as piadas internas” e ainda assim fácil de acompanhar se não pescar quem é quem ou do que estão falando.

A trama acompanha Matt Remick (Seth Rogen), o recém-nomeado chefe dos Estúdios Continental, que enfrenta o desafio de revitalizar a empresa em meio a rápidas transformações sociais e econômicas no setor cinematográfico.

Ao seu lado, destacam-se personagens como Patty Leigh (Catherine O’Hara), sua mentora e ex-chefe do estúdio; Sal Seperstein (Ike Barinholtz), um executivo irreverente; Quinn Hackett (Chase Sui Wonders), sua assistente ambiciosa; e Maya (Kathryn Hahn), a perspicaz chefe de marketing.

A inspiração para O Estúdio surgiu das próprias experiências de Rogen e Goldberg na indústria cinematográfica quando fizeram e fracassaram com Lanterna Verde e acertaram com sucessos como Super Mario Bros.

Durante o confinamento, a dupla concebeu a série como uma forma de explorar, com humor, os desafios e absurdos enfrentados por executivos de estúdios ao tentarem equilibrar a arte com as demandas comerciais.

A série é rica em participações especiais e referências ao universo de Hollywood. Há pontas de famosos como Ron Howard, Anthony Mackie, Peter Berg, Paul Dano, Charlize Theron, Steve Buscemi, Sarah Polley e Martin Scorsese, mas são as referências de negócios que nos fazem rir mais alto porque adicionam uma camada de autenticidade e humor à narrativa, satirizando a própria indústria que retratam.

No momento, a equipe tem a missão inglória de fazer um filme sobre o personagem Kool-Aid Man, e embora os absurdos soem piada são a parte realista dos negócios.

A série faz alusões a clássicos do cinema e brinca com fenômenos contemporâneos, incluindo a influência de diretores como Christopher Nolan e franquias de terror como Smile. Essas referências não apenas homenageiam a sétima arte, mas também oferecem uma crítica mordaz às tendências atuais de Hollywood.

A recepção crítica tem sido amplamente positiva, reconhecendo a inteligência do roteiro e “um dos retratos mais afiados de Hollywood em anos”. Não há exageros. O que me leva a perguntar: seria O Estúdio o novo O Jogador?

Cinema B+: O Estúdio: Uma Nova Sátira da Indústria CinematográficaCinema B+: O Estúdio: Uma Nova Sátira da Indústria Cinematográfica - Divulgação Apple TV

Ambos mergulham nos bastidores caóticos de um grande estúdio cinematográfico, lembrando um dos maiores clássicos do gênero, mas enquanto Altman expôs os jogos de poder da indústria cinematográfica através do thriller satírico estrelado por Tim Robbins, Rogen e sua equipe exploram o choque entre a tradição e as novas forças de mudança no cenário atual do entretenimento.

A Nova Era da Sátira Hollywoodiana

Assim como O Jogador ofereceu uma visão brutal e cínica da indústria do cinema nos anos 90, onde o protagonista Griffin Mill (Tim Robbins) enfrentava a pressão de roteiristas rejeitados e a ameaça de ser substituído no estúdio em que trabalhava, refletindo as ansiedades de uma Hollywood dominada por grandes corporações, O Estúdio faz o mesmo para a era do streaming e das franquias bilionárias.

Como o novo chefe dos Estúdios Continental, Matt tenta equilibrar a pressão comercial, a crise criativa e a necessidade de atender a uma audiência cada vez mais fragmentada.

O clássico de Altman está recheando de participações especiais de astros como Bruce Willis, Julia Roberts e Burt Reynolds, uma metalinguagem igualmente adotada na série da Apple TV Plus. Um dos momentos mais hilariantes da série envolve justamente Scorsese discutindo a produção de um filme sobre o personagem Kool-Aid Man, uma clara crítica ao desespero de Hollywood por franquias improváveis.

Se Altman ofereceu um olhar sombrio e satírico sobre o jogo de influências em Hollywood, Rogen e sua equipe ampliam esse escopo para incluir as redes sociais, o streaming e a febre das franquias. Se ainda não viu o filme, ele está disponível na MUBI.

No fim das contas, O Estúdio não apenas diverte com seu humor afiado, mas também faz uma crítica contundente às transformações e absurdos da máquina do entretenimento. É uma série essencial tanto para quem ama quanto para quem detesta a indústria de Hollywood.

GASTRONOMIA

Pãozinho quente, macio e caseiro

Conheça três receitas de pão, um dos alimentos mais antigos da humanidade

14/06/2025 12h30

A invenção do pão é atribuída à Mesopotâmia, há cerca de 12 mil anos, sendo um dos alimentos mais antigos da humanidade

A invenção do pão é atribuída à Mesopotâmia, há cerca de 12 mil anos, sendo um dos alimentos mais antigos da humanidade Foto: Freepik

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Há mais de 12 mil anos, o homem descobriu que podia moer grãos de cereais, misturá-los com água e assar a massa sobre pedras quentes. Assim nascia o pão, um dos alimentos mais antigos e simbólicos da humanidade. 

No Egito Antigo, por volta de 4.000 a.C., os egípcios dominaram a fermentação natural, criando pães mais leves e saborosos. Eles acreditavam que o pão era um presente dos deuses e o incluíam em rituais religiosos e oferendas funerárias.

Com o tempo, o pão atravessou fronteiras. Os gregos e os romanos aprimoraram as técnicas de panificação, criando as primeiras padarias públicas. Na Idade Média, o pão era a base da alimentação camponesa, enquanto, na Renascença, variedades como a baguete e o ciabatta começaram a ganhar forma na Europa.

No Brasil, o pão chegou com os portugueses, mas foi só no século 19 que as padarias se popularizaram, especialmente nas grandes cidades.

Hoje, em meio à correria do dia a dia, o pão caseiro ressurge como um ato de resistência. Seja pelo prazer de amassar a massa, pelo aroma que invade a casa ou pela satisfação de compartilhar um alimento feito com as próprias mãos, cada vez mais pessoas estão redescobrindo a magia de fazer pão em casa.

Fazer pão em casa vai além da alimentação: é um ritual que conecta gerações. Muitas famílias guardam receitas adas de avós para netos, cada uma com seu segredo – um toque de ervas, um jeito especial de sovar ou a paciência de esperar a fermentação lenta.

Em um mundo onde tudo é instantâneo, o pão caseiro faz lembrar que algumas coisas não podem ser apressadas. Cada etapa – misturar, esperar, assar – é um convite a desacelerar e a apreciar o processo. E, no fim, o aroma que toma a casa e o sabor inigualável de um pão feito com as próprias mãos são a melhor recompensa.

Se você nunca experimentou fazer pão em casa, agora é a hora. Separamos três receitas deliciosas, desde o clássico pão de fermentação natural até opções rápidas para o dia a dia.

Pão de fermentação natural

Ingredientes

  • 500 g de farinha de trigo orgânica;
  • 350 ml de água filtrada;
  • 100 g de fermento natural (levain);
  • 10 g de sal.

Modo de Preparo

Misture a farinha e a água e deixe descansar por 30 minutos.

Incorpore o fermento, adicionando o levain e o sal, amassando bem até a massa ficar homogênea.

Deixe a massa descansar por 4 horas, fazendo “dobras” a cada 30 minutos.

Modele o pão, coloque em um cestinho de fermentação e leve à geladeira por 12 horas.

Preaqueça o forno a 250°C com uma a de ferro.

Transfira a massa para a a quente, tampe e asse por 20 minutos.

Retire a tampa e asse por mais 25 minutos até dourar.

Pão de leite fofinho

Ingredientes 

  • 500 g de farinha de trigo;
  • 250 ml de leite morno;
  • 1 ovo;
  • 50 g de manteiga derretida;
  • 2 colheres (sopa) de açúcar;
  • 1 colher (chá) de sal;
  • 10 g de fermento biológico seco.

Modo de Preparo

Dissolva o fermento no leite morno com o açúcar e espere espumar.

Em uma tigela, misture a farinha, o sal, o ovo e a manteiga.

Adicione o leite com fermento e sove até a massa desgrudar das mãos.

Cubra e deixe crescer por 1 hora ou até dobrar de volume.

Divida a massa em bolinhas, coloque em uma forma untada e deixe crescer por mais 30 minutos.

Asse em forno preaquecido a 180°C por 20 a 25 minutos.

Dica: pincele gema batida antes de assar, para um pão dourado e brilhante.

Pão integral com sementes

Ingredientes 

  • 300 g de farinha de trigo integral;
  • 200 g de farinha de trigo;
  • 1 colher (sopa) de mel;
  • 1 colher (chá) de sal;
  • 1 xícara (chá) de água morna;
  • 2 colheres (sopa) de sementes (girassol, linhaça, chia);
  • 7 g de fermento biológico seco.

Modo de Preparo

Misture o fermento, a água e o mel e deixe descansar por 5 minutos.

Adicione as farinhas, o sal e as sementes, sovando até obter uma massa lisa.

Deixe crescer por 1 hora e 30 minutos em local aquecido.

Modele o pão, coloque em uma forma e deixe crescer por mais 30 minutos.

Asse em forno a 200°C por 35 a 40 minutos.

Dica: para um toque extra, acrescente nozes ou castanhas picadas.

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