Nesta segunda-feira (09), Mato Grosso do Sul completou 10 anos sem registrar casos de febre amarela, doença que voltou a ser pauta no país e alguns estados até registraram surto este ano. Porém, enquanto isso, a cobertura vacinal no estado continua abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde.
Nos últimos cinco anos, o estado registrou 42 casos suspeitos de febre amarela espalhados por 20 municípios, mas todos foram descartados após exames laboratoriais. No Brasil, somente em 2025, foram confirmados 220 casos da doença, além de 89 mortes no continente americano.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) divulgou que a maioria dos óbitos ocorreram em pessoas não vacinadas, aspecto que ainda é preocupação em Mato Grosso do Sul.
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), o estado atingiu 86% do público-alvo (9 meses a 59 anos) vacinado em 2024, melhor índice dos últimos anos, mas ainda não o suficiente para o Ministério da Saúde, que estabelece 90% como ideal.
“A vacina é segura, gratuita e a principal forma de proteção contra a febre amarela. Temos avançado na cobertura, mas ainda precisamos atingir a meta e manter a população protegida”, reforça a gerente de Imunização da SES, Frederico Moraes.
Além da imunização, a SES mantém ações de vigilância entomológica, monitoramento de epizootias (morte de primatas não humanos) e orientação permanente aos municípios para notificação imediata de suspeitas, considerando que a vacinação garante imunidade vitalícia, sendo um dos pré-requisitos para casos suspeitos a não vacinação.
Atenção na fronteira
Em fevereiro, o Ministério da Saúde emitiu um alerta sobre o aumento da transmissão de febre amarela durante o período sazonal da doença, que vai de dezembro a maio, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Roraima e Tocantins. Os dois primeiros fazem divisa com Mato Grosso do Sul.
Em nota técnica, encaminhada às Secretarias de Saúde, o órgão recomenda a intensificação das ações de vigilância e imunização nas áreas de risco e tambem alerta aos viajantes que se deslocarão para as regiões com detecções da doença.
Segundo a nota técnica, São Paulo é o estado que concentra a maior parte dos casos de febre amarela em 2025, seguido por Minas Gerais.
Febre amarela: o que é, causas, sintomas, tratamento e prevenção
A febre amarela é uma doença causada por um arbovírus, cuja transmissão se dá por meio da picada de
mosquitos silvestres. A doença apresenta evolução rápida e gravidade variável. Nos casos graves, a taxa de letalidade é elevada.
Em caso de sintomas como febre, dor de cabeça, dores no corpo, náuseas ou vômitos, é importante buscar atendimento médico e informar sobre a possível exposição a áreas de risco.
Os sintomas iniciais da febre amarela são:
- Início súbito de febre;
- Calafrios;
- Dor de cabeça intensa;
- Dores nas costas;
- Dores no corpo em geral;
- Náuseas e vômitos;
- Fadiga e fraqueza.
O tratamento da febre amarela é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado.
Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para reduzir as complicações e o risco de óbito. Medicamentos salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.
A vacinação é a principal medida de prevenção contra a infecção, e deve ser istrada pelo menos 10 dias antes do deslocamento ou de exposição a situações de risco.
O imunizante faz parte do calendário básico de vacinação para crianças de 9 meses a menores de 5 anos, com uma dose de reforço aos 4 anos de idade, além de dose única para a população de 5 a 59 anos que ainda não foi vacinada.
Além da vacinação, é fundamental adotar medidas de proteção individual, como o uso de calças e camisas de manga longa, sapatos fechados e a aplicação de repelentes nas áreas expostas do corpo ao longo de todo o dia, pois os vetores da doença têm hábitos diurnos.
*Colaborou Glaucea Vaccari